domingo, 21 de outubro de 2007

Homenagem aos Médicos, Numa bem Humorada Homilia de Frei Yves

Dia 18 de outubro comemora-se São Lucas, o companheiro de viagem de São Paulo que o chamava de 'Lucas, o médico muito amável'.

Homilia de Frei Yves Terral na casa do Dr. José Osório Lira, Porto, Portugal, por ocasião da formatura do Dr. Osório Neto

Por ocasião da formatura de um médico, na casa de sua família, Fr. Ivo pronunciou a homilia que publicamos como homenagem ao dia dos médicos.

Maravilha-se Deus, certo dia, ao observar seus filhos enquanto criavam um instrumento novo. Em sua paciente onisciência, divertia-se também, porque sabia que lhe dariam um nome estranho: estetoscópio.

De início era meio grande e de madeira, e o médico precisava aproximar-se muito de seu paciente, dobrar as costas, curvar-se. Para dizer a verdade, Deus gostava dele, pois via a si mesmo, curvado sobre os seres que criara, escutando-lhes a alma, as dores. E depois, era bom ouvir o coração pulsando, num ritmo constante, como o suceder das horas e das estações. E era tão bom interpretar as batidas: muitas vezes elas vinham acompanhadas de um nome amado, de uma declaração de amor. Que interessante é ser Deus e conhecer todos os segredos do coração humano!

Depois, é verdade, até mais higiênico, mas esfriou. Deus não gostou muito: o primeiro contato era gélido, alguns médicos nem se preocupavam em esquentar um pouco e as crianças olhavam aquilo com certa desconfiança. Deus preferia a opinião das crianças sempre.

Mas admirava muito os cientistas. Às vezes (e isso era contra os seus princípios de Pai), até segredava-lhes algumas coisas, enquanto debruçavam-se sobre os microscópios, pois Deus via tudo a olho nu e eles precisavam de muitas máquinas - e de muita paciência, de muita coragem.

Por isso Deus gostava dos médicos, porque eles cuidavam daqueles que Ele criara. Ainda bem, porque o pessoal, às vezes, abusava e se descuidava, e lá vinha o estetoscópio de novo.

E depois resolveram abrir o peito e mexer no coração como um motor do qual se trocam as velas, as válvulas, o carburador, a ignição.

E Deus ficou surpreso. Um pouco assustado, é bem verdade, mas admirado. Até onde aqueles inventores de estetoscópio haviam chegado! Ficou orgulhoso. Uma só coisa o inquietava: era o som das batidas do coração. Será que além dos extrasístoles, das desritmías e dos sopros, os médicos saberiam ouvir o ritmo dos sentidos, o pulsar das profundas dores e dos apaixonados amores, o sopro divino a mover-lhe a vida?

Pensou Deus em tudo aquilo e seu pensamento vagueou veloz pelos hospitais, pelas filas dos aflitos, pelos consultórios, pelas U.T.Is, pelas salas de cirurgias. Verificou todos os instrumentos. E viu que tudo estava bom! Por via das dúvidas, chamou o Espírito Santo, para ficar sempre ao lado dos médicos, para inspirar-lhes a boa decisão, o bom gosto, o bom conselho. Por via das dúvidas, chamou também Nossa Senhora, para ficar ao lado dos doentes para ajudá-los a ter paciência e coragem, consigo e com os médicos.

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