segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Tecnológo por Px Geraldo Magela Teixeira

Padre Magela sai em defesa dos cursos tecnológicos.
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Padre Geraldo Magela Teixeira, Reitor do Centro Universitário UNA
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Há muito se comenta a força dos cursos tecnológicos que vieram para ficar e trouxeram uma nova alternativa de graduação. Não adianta os conselhos coorporativos ameaçarem com o não-registro profissional dos egressos, pois eles se formam com os mesmos direitos daqueles que fazem a velha graduação, inclusive, em relação ao mestrado.
Não é só por força da curta duração que estão sendo procurados, mas,
sobretudo, por ser uma graduação focada num mercado de trabalho cada vez mais especializado e em flutuação.
Um curso de administração de empresas na graduação tradicional é tão generalista que não emprega ninguém. O aluno fica sabendo de tudo um pouco, mas precisa recorrer a uma pós-graduação para especializar-se e disputar emprego no mercado.

Ora, vieram os tecnológicos e fatiaram o curso de administração em cursos de gestão (ambiental, comercial, de produção industrial, logística, de marketing, de recursos humanos, financeira, de turismo e hospitalar). São nove filhotes da administração, todos com boas chances de empregabilidade para os seus egressos. E o mercado está precisando exatamente disso. Temos, por exemplo, muita procura por profissionais de recursos humanos em BH (*belo horizonte) e agora começam a sair dos tecnológicos verdadeiros doutores em gestão de pessoas. O mesmo acorre nas áreas de computação e de design, entre outras.

No começo, os cursos tecnológicos eram abastecidos por um público mais maduro, aqueles que ainda não haviam feito um curso superior. Ou ainda, por aqueles, já graduados, que procuram mover-se com mais desenvoltura no mercado de trabalho em mutação ou pelos insatisfeitos com a primeira opção realizada. Percebe-se que, aos poucos, começa a mudar o perfil dos candidatos que procuram os cursos de tecnologia. Também os jovens recém-saídos do ensino médio começam a buscar esses cursos. Por enquanto, é uma acanhada procura, mas vejo nisso uma tendência, como há uma tendência de esgotamento do exército de adultos sem diploma. Claro que sempre haverá um público maduro, mas os jovens são muito intuitivos, ousados, enxergam longe e começam, não sei se, felizmente ou infelizmente, a inverter a natureza das coisas.
Na União Européia, a tendência é seguir os caminhos da França, com os primeiros anos dedicados à antiga studia generalia, que dá direito a um primeiro diploma de estudos universitários com conteúdos humanísticos e de cultura geral. Em seguida, matriculam-se em cursos da carreira escolhida e depois partem, ou não, para o mestrado e doutoramento, com uma tendência acentuada à ida direta para o doutorado. Talvez o modelo não se adapte à realidade do Brasil, onde a mão-de-obra especializada é escassa e a multidão dos desempregados é, na maioria, de baixa escolaridade. Na Europa, o desemprego atinge, em sua quase totalidade, pessoas bem qualificadas. Assim, quanto mais tarde o cidadão se forme, mais tarde irá pressionar o mercado de trabalho.
Como ficará a formação superior no Brasil? Só o futuro dirá. O que posso garantir é que será menos humanista, com menor imersão cultural, menos envolvida com valores universais. O que será uma pena.
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*Em pais que cultua "doutores", os cursos tecnológicos são solução rápida e prática para
a curto prazo capacitar milhares de pessoas.

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